00:00 - E que a luta comece

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10.4.12

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Meia-noite é uma hora maçante. Quando ela chega, forma-se um campo de batalha, cujos vorazes combatentes são duas forças noturnas, que superam quaisquer outras, desde o roubo até a perversão. São elas as responsáveis pelo dilema de ficar inconsciente numa cama confortável ou aproveitar tudo o que uma boa madrugada pode oferecer: silêncio e programas de televisão interessantes, coisa rara no horário nobre. De um lado, pesando toneladas sobre os olhos e batendo como um martelo, o sono, elemento que reduz o dia do ser humano para cerca de 16 horas. Do outro, a vontade, astuta, persuasiva e munida de poderosas armas, tais quais a fugacidade do tempo e a crença de que os comerciais duram apenas um minutinho.

Ser o meio de intermédio desse duelo não é fácil. Uns desistem de vez perante a superioridade do sono, adquirida com a ajuda da potente consciência, que faz lembrar de que haverá aula amanhã cedo. Outros resistem, fornecendo à vontade um aliado poderoso: o carpe diem. Este os faz esquecer do amanhã e mostrar o dedo impuro ao danado do sono. Entretanto, estes últimos logo padecem, pois, com as horas, vem um senhor idoso, mas muito sábio e influente, o cansaço. Ele é quem os faz recordar de que não são máquinas e que, caso se continue a ignorar tal fato, o organismo desmoronará antes de se poder dizer "carpe diem". E o campo de batalha cai num vazio infindo.

Dito tudo isso, vejam bem, é engraçado, amigos, como a natureza é bela, não é? Tudo tão pacífico, tão perfeito, como uma valsa ao brilho melancólico das estrelas, que clama por atenção nesta atmosfera límpida. É uma paz interior que se abriga no ser humano, tão intensa que é capaz de inibir antagonismos, contrariações, dilemas e sádicas emoções. Os animais vivendo de mãos dadas, sem mortes, sem dor, sem garras, sem dentes ou perfurações.  Olhem em volta! Que beleza! Que presente!

Participação especial: Sr. Sarcasmo Ironildo da Silva.


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