Eu quero crescer

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20.3.12

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Estava pensando... Eu devo muita gratidão aos meus familiares, mais até do que eu imaginava. Eu tive uma infância como toda infância deve ser. Sem responsabilidades, sem nada em que pensar, sem se preocupar se falava demais ou de menos; apenas precisava saber que podia contar com as pessoas ao meu redor, que pica-paus podiam falar, que o mundo era uma bola e que pulava no pé do menino. E, claro, que havia um cara lá em cima cuidando de mim, fazendo-me respirar e pondo ordem no mundo. Essa ordem no mundo era o coiote sobrevivendo depois de suas quedas mortais, os meus pais voltando do trabalho todos os dias e o fim de semana estando lá, no lugar dele, trazendo diversão e ócio para todos desta bola gigantesca.

Anos depois, adeus desenhos, adeus completa liberdade, adeus Deus, adeus infância. Uns dizem que, quando crescemos, a vida se vai. "Não há mais 'carpe diem'". Carpe diem; eis uma ideia interessante. É lamentável que seja utópica, simplesmente, porque os momentos são interdependentes. Eu não conseguiria viver este momento a todo custo sem pensar nos momentos que virão; e essa preocupação quebra toda a ideia, o que realmente é uma pena. Mas a vida não acaba com o fim da infância; ela começa a começar. À medida que emergem as equações na Matemática escolar, florescem as equações na vida, pois tudo começa a se transformar em incógnita. O desenvolver da mente exige um pagamento: o fim da inocência e da ingenuidade. Nós, então, começamos a pensar, a crescer, a viver. Descobrimos que fantasmas são apenas sombras mal interpretadas e que a televisão pode nos dar muito mais que apenas personagens animados. A realidade vem à tona e vemos que somos mínimos pontinhos em busca de sobrevivência neste universo infindo.

Escrevo isto com 16 anos. Isso quer dizer que saí há pouco da minha maravilhosa infância. Mas quer dizer também que estou na adolescência, a "fase de descobertas", o momento das escolhas mais complicadas, dos pensamentos mais hereges e do crescimento mais evidente. E eu estou adorando; o que não quer dizer que queira permanecer nela. Eu quero crescer, quero ver minha vida passar junto ao tempo - não na frente ou atrás dele -, que seja algo contíguo, uma parceria que deu certo e que continuará assim até a morte. Imagino-me com meu terno e gravata, fazendo história, ajudando, de alguma forma, os bilhões de pontinhos deste plano mundial. É, eu quero crescer. E se você não quer, sinto lhe dizer, mas você já está crescendo.

Um comentário:

diego disse...

"À medida que emergem as equações na Matemática escolar, florescem as equações na vida, pois tudo começa a se transformar em incógnita.". Belas verdades!

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