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2.10.11

1 Manifestação */
São palavrinhas mágicas. Provocam-nos sensações prazerosas, ora fazendo nos sentirmos revolucionários, quebrando regras, destroçando tabus milenares, ora nos ajudando a aliviar dores físicas ou, até mesmo, sentimentais, como o dedinho latejando após ser diligentemente lançado contra a quina do sofá, ou a namorada quando descobre uma traição crônica.

Às vezes, esses dois sentimentos se misturam e então acontece a mágica e somos carregados por aquele enlevo momentâneo, rapidamente quebrado por alguém exclamando: "Credo! Que falta de educação!", e logo o feitiço acaba e percebemos que cometemos um dos erros mais comuns quando se vive em sociedade: esquecer de que não estamos sozinhos, de que não ditamos as regras, mas, sim, obedecemos aos padrões impostos pela maioria. O que não é errado ou revoltante. Se a maioria não aceita os palavrões, pelo bem do convívio social harmonioso, precisamos respeitar. Mas é evidente que ninguém quer se privar de palavrear, pelo menos em alguns momentos, em público (a mágica não funciona quando se está sozinho).

Para garantir todos os prazeres sem incomodar ninguém, a regra é simples e bem óbvia: não fale palavrão na frente de quem não fala palavrão e nem em contextos que não admitam palavrões. É imprescindível localizar-se na situação, reconhecer o nível de formalidade que ela exige. Muitos pensam que ser formal é bobagem, é careta, é coisa de almofadinhas e exibidos. Esse é um pensamento típico de ignorantes e preguiçosos, que não refletem a importância de uma variante padrão. As variações linguísticas da Língua Portuguesa são várias e classificam-se em regionais, sócio-culturais, históricas e estilísticas. Caso não haja um padrão que unifique a linguagem, a comunicação em determinadas ocasiões será consideravelmente prejudicada, com a presença de coloquialismos, informalidades, expressões ambíguas e elementos típicos de grupos sociais ou de uma determinada faixa etária, como as gírias por exemplo.

Sendo assim, em reuniões, entrevistas, numa conversa com pessoas eminentes, entre outros, é indispensável saber usar a linguagem tradicional. Para isso, claro, é preciso estudar a gramática, não visando decorar regras e exceções, mas, sim, pensando nos momentos nos quais irá usar tudo aquilo que está exposto.

Em outras situações, como uma conversa entre amigos, numa festa e afins, erra quem acha que está livre para falar o que quiser sem tornar-se um importuno: olvidam-se de que pode haver quem não aceite o tão querido palavrório. Há o aferismo que diz: "os incomodados que se retirem", mas vale pensar se não é bem melhor abster-se do que incomoda para que a conversa seja prazerosa para todos. A chance de boas ideias virem à tona numa conversa aumenta à medida que cresce o número de indivíduos que dela participam. Que o digam participantes daquelas sessões de brain storm. Portanto, a sociedade agradeceria se todos pensassem antes de falar qualquer coisa.

Ainda sobre o assunto, gostaria de comentar o uso de palavrões na presença de crianças e em vídeos da Internet, principalmente nos famigerados vlogs.

Crianças e palavrões nunca combinarão. Já foi dito aqui o que é preciso para falar as expressões de baixo calão em sociedade. O problema é que crianças ainda não possuem senso crítico suficiente para julgar quando uma situação é ou não apropriada para se falar o que bem entenderem. Aprender palavrões, para uma criança, pode culminar em fatais exclusões sociais, que prejudicarão, em muito, a vida dela. Já foi comprovado que as brincadeiras ajudam, na infância, em diversos aspectos da vida da criança, como, segundo a Dra. Daniela Levy, "o entendimento de certos princípios da vida, como o de colaboração, divisão, liderança, obediência às regras e competição". Quando realizadas em grupo, os benefícios aumentam. Uma criança excluída pode sofrer muitos transtornos sociais no futuro, já que ficará privada desse convívio em grupo. Se para falar palavrões em sociedade é preciso pensar duas vezes, quando há uma criança no contexto, deve-se pensar quantas vezes forem necessárias até que se desista de pronunciá-los.

Por fim, o uso de palavrões quando a internet é o contexto. O questão-chave desse meio de comunicação é que qualquer pessoa, com quaisquer ideais, pode acessar qualquer material enviado e, caso algum não esteja condizente com suas convicções e interesses, ela pode simplesmente abandonar este e ir em busca de outro que a agrade. Desse modo, não há transtorno que os palavrões possam causar, haja visto que, a qualquer momento, o usuário pode apertar o "X" do seu navegador e sair imediatamente da página sem perder nada. Diria eu que não são simples palavreados que causam consequências graves na Internet, mas sim ideias mal elaboradas, já que palavrões consistem apenas de expressões que caíram na lista negra da sociedade sabe Darwin lá por quê. Porém, vale ressaltar que, se alguém sentir-se ofendido com a maneira com que as palavrinhas foram expostas, processos podem surgir e o prejudicado será o autor do conteúdo.

Então, essas foram algumas considerações sobre o uso de palavrões. Eu gosto bastante deles e posso dizer que sei quando, onde e com quem usá-los. Nunca usei como ofensa, apenas como catarse, até porque nunca houve necessidade para tal.

  Já ouvi o Jô falando algo como:
  "Não sei por que buceta ou cu são palavrões. Essas coisas são tão bobas e inofensivas. Palavrões   deveriam ser corrupção, genocídio, assassinato."

Um comentário:

diego disse...

puta que pariu eu adoro falar palavrão!

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