O demolidor de altares

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25.11.11

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Essa semana, voltando do colégio para casa, passamos eu e uns amigos, como de costume, por uma casa que abriga um belo altar religioso. Passei sem notar. Um colega me chamou a atenção e disse para eu olhar a beleza daquela pequena construção. Olhei e confirmei os elogios que meus acompanhantes lhe impeliam e comentei a vontade de minha mãe de ter um daquele no vão que separa os quartos. O mesmo que me chamara perguntou incontinenti: "Aí então você ia destruir, né?" Quando ouvi a pergunta, olhei para ele e percebi a imagem que a maioria das pessoas têm sobre os ateus incidindo sobre meu rosto e gritando euforicamente: "Seu odiador de Deus, destruidor de religiões, adorador de Satanás!!!".

Pensamentos como esse são normais, já que aos crentes é exposto, erroneamente, que os descrentes "não seguem o caminho de Deus" - poesia desnecessária, proposital talvez -, que é considerado o caminho do bem. Automaticamente, as pessoas tendem a associar os ateus ao mal infernal e pensam que estes odeiam as divindades "benéficas" com tanta efusão que seriam capazes de sair demolindo altares, implodindo igrejas e templos e derrubando muros sagrados. As religiões colocam essa imagem tão desprezível para afastar seus seguidores ao máximo das trihas da descrença, porém não percebem a gama de problemas que estão proporcionando àqueles que não possuem crenças religiosas.

A todo momento, são impostas grades, cada vez mais fortes, de ignorância, que impedem os religiosos de buscarem informações que deteriorem seus preconceitos. Afinal, por que pesquisar no que consiste o ateísmo se o padre diz que ele me afastará do paraíso? Ou, então, por que tentar entender a homossexualidade se a Bíblia - e, portanto, Deus - repudia-o? Entender a Teoria da Evolução então nem pensar! O resultado disso é cada vez mais discriminação, que priva as minorias de direitos e exercícios da maioria, e pode, inclusive, gerar atos violentos contra aquelas; além de um exército de mentes retrógradas, carregadas de comodismo e armadas contra a constante evolução da sociedade.

Para se ter uma ideia, breves pesquisas mostrariam que ateus não odeiam os deuses porque, simplemente, para nós, eles não existem; também revelariam que não adoramos Satánas (isso me faz rir), pois ele é um deus e a regra geral é que deuses não existem; acabariam com a ideia de que religião define caráter (Hitler era cristão, sabia?) ; colocariam em xeque a ideia de que homossexualidade é opção e de que o islamismo é puro terrorismo e descortinariam também partes da Bíblia de que ninguém fala e que evidenciam muito sobre as outras faces de Deus. Se cada religioso do mundo as fizesse - utopia, eu sei -, essa mentalidade atrasada seria extinta - e não a religião em si - e todos poderiam viver em paz com suas crenças e peculiaridades.

Atualmente, observa-se, principalmente, na Internet, uma militãncia ateísta que tem como objetivo provocar reflexões que resultem no aumento da tolerância, da curiosidade e da racionalidade por parte das mentes atrasadas. Saliento aqui que ninguém busca arrancar à força das pessoas a religião, porque muitas delas veem esta como parte fundamental das suas vidas, por razões pessoais e intransferíveis; mas, sim, impedir, por exemplo, que um empresário cristão deixe de contratar um empregado por ele ser ateu, homossexual ou islamista; que políticos deixem de aprovar leis em favor dos homossexuais por causa de religião; ou, ainda, que sejamos acordados no domingo às 7 horas da manhã por testemunhas de Jeová.

Quebrar as grades da ignorância pode ser difícil para muitos, mas basta uma faísca de interesse e conhecimento para suscitar o maçarico da consciência (poesia desnecessária? Talvez).

Quero explodir as grades
E voar
Não tenho pra onde ir
Mas não quero ficar
Engenheiros do Hawaii

Vivo sem religião
Sem o dogma e a perseguição
Eu não preciso acreditar

Levanta o rosto vai
No que não creio eu já deixei pra trás
Essa é a minha lei, eu e você
Plebe Rude


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