Curar gay = Curar loira

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16.7.12

5 comentários */
"Prove que eu sou doente"*
O Ministério Público Federal promoveu uma ação civil pública, a fim de anular uma resolução do Conselho Federal de Psicologia, a qual proíbe que psicólogos prometam a "cura gay" para pessoas que vão em busca dela. O deputado João Campos, defensor da ação, disse que o CFP não tem autonomia para restringir o trabalho dos profissionais e nem de limitar o direito dos homossexuais que desejam obter orientação profissional. O problema é que não existem relatos de tratamentos do gênero que possuam resultados minimamente satisfatórios para que o CFP os reconheça como efetivos e saudáveis. Ou seja, qualquer tratamento que prometa a mudança de orientação sexual foge do domínio científico e passa a outros campos pouco confiáveis.

A chamada "cura gay" é uma idiotice. A OMS (Organização Mundial da Saúde) já postulou: homossexualidade não é doença. E não é uma conclusão a que se chega por puro achismo ou por uma revelação onírica. Essa é uma organização séria, que trabalha com base em evidências; e todas essas apontam para o fato de que um homossexual não tem seu estado saudável normal abalado, simplesmente, por sua orientação sexual. Porém, como não haveria de deixar de acontecer, emergem dos antros mais estúpidos da humanidade pessoas que pregam a existência de uma cura para o que não precisa de cura. Muitas delas, como a conhecida psicóloga Marisa Lobo, encontram métodos (muitos baseados na religião), que visam oferecer aos homossexuais insatisfeitos com a sua orientação sexual uma forma de "voltar a ser heterossexual".

A busca por um tratamento é facilmente entendida quando se observa a sociedade preconceituosa em que se vive e, sendo assim, é natural que métodos, mesmo que sem comprovação alguma, sejam buscados com frequência. Mas nem tudo são flores. Seria muito bom se fosse assim: um homossexual procura um psicólogo, a fim de mudar sua orientação sexual; este oferece um tratamento nada confiável, que, por conseguinte, não funciona; o cliente sai da clínica e vai procurar outros meios ou, na melhor das hipóteses, aceitar sua orientação. Infelizmente, os estudos mostram que tratamentos, como os que hoje são oferecidos, podem ser danosos aos pacientes, podendo causar depressão e outras doenças.

Muitos que entendem e defendem o fato de que a homossexualidade não é doença mostram-se inclinados a concordar com as mudanças propostas pela bancada evangélica, devido ao argumento do deputado sobre a liberdade de os profissionais em oferecerem "a cura". O que se pode dizer acerca disso é: se um psicólogo oferece um tratamento como esse, que o faça sem envolver a Ciência nisso, convocando os pretendentes para uma visita ao seu templo religioso. Não se deve envolver a Psicologia naquilo que não compete à Psicologia. Não se deve atribuir à Ciência meros devaneios.

O que o deputado João Campos quer é, em resumo, que o CFP fuja dos padrões do rigor científico e passe a reconhecer métodos de cunho espiritual. Isso representa uma ameaça à laicidade do Estado e, principalmente, aos pacientes. O que deve ser feito - e isso, sim, funciona - é tratar os homossexuais no âmbito de fazê-los reconhecer a sua orientação, não como um fator de condenação ao inferno, mas, sim, como apenas mais uma característica dos seres humanos. Desse modo, não só acontecerá a aceitação, como, também, será um estímulo para que mais pessoas se juntem aos movimentos que buscam dizimar a discriminação contra esse segmento.

*Jim Parsons é homossexual, mas não disse o que está na legenda.

5 comentários:

Sérgio Murilo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sérgio Murilo disse...

Homossexualismo não é doença, porém podemos dizer que não é o padrão (não o popular, mas o natural). Não se sabe da origem do homossexualismo, se fator genético ou ambiental.

Dessa forma, se por acaso o determinante fosse genético: seria uma doença ou uma variedade da espécie? É, há variantes genéticos ditos como doença ou apenas como variante como albinismo por exemplo, apesar de causar dificuldades não é tido como doença... E se for fator ambiental: em sua formação psicológica, onde somos moldados em comportamento, sensibilidade sentimental... Sendo essa a causa, pode ser considerado uma doença? -Acho que não-. Então caberia uma 'reorientação', desentortar o prego torto (isso soa homofóbico... Mas não é!).

Em minha concepção (por puro pensar, nada científico) o homossexualismo é dado tanto por fatores genéticos quanto ambientais. Cabendo uma remodelagem, assim como um líquido tanto quanto espesso é o nosso ser, que assume a forma do meio e consegue mantê-la até que algo force uma nova forma. (Ex.: com um certo tratamento (não querendo levar até a palavra cura, para não remeter à doença) posso fazer você pensar de forma diferente, ser outra pessoa, te fazer esquecer e lembrar de coisas que nunca viveu).-parece muita ficção, mas você verá que é possível quando se estuda as pessoas, o cérebro delas.

Greati disse...

Diante de alguns artigos que li por aí, mas ainda no campo da especulação, inclino-me bastante para as hipóteses de origem genética da homossexualidade. Claro que também o fator ambiental deve ser muito bem estudado. Mas seja lá qual for a causa, pelo que vemos hoje, não vejo como a homossexualidade se encaixe em algum tipo de doença. É esperar para ver.

Sérgio Murilo disse...

Creio que tenha algo com a recepção e atração por hormônios.. àquele do sexo oposto ou o que seu corpo pensa ser o oposto... É a minha teoria. Veio-me na cabeça durante a noite, antes de dormir.. (aquele melhor momento).

Greati disse...

Acho que não seria nem questão de oposto ou não, mas, sim, apenas de ser atrativo ou não. Homossexualidade não seria "o corpo pensando que aquele é o oposto", mas, sim, o corpo sentindo atração por aquele sexo. Conversando contigo, lembrei da vez em que perguntamos a Solange se homossexualidade tinha origem genética e ela disse veementemente que não. Será que ela ainda mantém a posição?

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