Críticos carentes de críticas

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19.1.13

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Está no ar mais uma edição do Big Brother Brasil, o reality show mais famoso no território brasileiro, que, desde 2002, preenche a televisão com doses exacerbadas de futilidades e intrigas infantis, e fornece muito material para longas conversas nas janelas e calçadas do norte ao sul do país. Por contribuir com o que muitos chamam de "a maior ferramenta de alienação da Rede Globo", a audiência desse programa é constantemente atacada, principalmente nestes tempos de redes sociais, onde há espaço para críticas das mais variadas intensidades. Entre as discussões, o que muito se percebe é uma tentativa por parte dos críticos mais radicais de mostrar uma superioridade intelectual decorrente da não participação na audiência desse programa. Mas se consumir entretenimento inútil é, realmente, um critério para se definir a capacidade mental de alguém, então uma ínfima porcentagem da raça humana escapa da burrice.

O entretenimento para o homem é uma espécie de pílula de vazão temporária, que o transporta, do seu estado de responsabilidades, para uma dimensão mais agradável, a qual promove relaxamento físico e/ou mental. Julgar as competências de um indivíduo pela forma de entretenimento da qual ele se alimenta seria o mesmo que avaliar o perfil profissional de alguém bêbado em uma festa de aniversário. Em suma, não existe implicação lógica entre assistir a um reality show e ser um debiloide.

É certo que são observáveis níveis diferentes de utilidade nas formas de entretenimento que existem. Por exemplo, a leitura de um livro, mesmo que o tema seja dos mais inúteis, promove, querendo ou não, um aumento da competência linguística do indivíduo, assim como uma caminhada na praia traz benefícios para o condicionamento físico. O Big Brother, mesmo sendo um caso que pode ser descrito como um vácuo de conteúdo, traz o requisito mínimo de uma forma de entretenimento: a capacidade de entreter os interessados.

O mundo onde todas as formas de entretenimento somam algo à vida dos indivíduos, em vez de somente estimular a liberação de endorfina, está muito distante. Isso porque não é de interesse da mídia quebrar os seus laços de dominação tão arraigados na população brasileira. Cabe, então, aos críticos realmente preocupados em transformar a sociedade para o bem, e não apenas em se auto-afirmar como seres superiores, estimular reflexões sobre programas como o Big Brother Brasil, a fim de se fazer com que as pessoas percebam que há formas construtivas de se desligar da seriedade do cotidiano. E isso não se faz por meio de insistentes e irritantes provocações na Internet, mas sim pela simples exposição de textos, cartazes e panfletos, de forma educada e controlada, sempre dando a possibilidade aos interlocutores de apertar em algum "x" vermelho quando quiserem.

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