Documente a vida

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17.5.13

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Se você é um daqueles que renunciou à palavra, eu quero agora que pare de ver as fotos dos seus parentes no Facebook e de ler as notícias nos sites jornalísticos mais conhecidos e pense no que você está perdendo. Não estou falando de tempo nem de dinheiro. Refiro-me à restrição que você se impôs quando, involuntariamente ou não, decidiu utilizar apenas uma das duas vias de comunicação com o mundo através da Internet. Isso pode ter acontecido quando você disse a si mesmo que o mundo não está interessado nas suas ideias ou, talvez, quando, observando, absorto, os comentários absurdos cuspidos nas páginas de sites, blogs, vídeos ou redes sociais, achou melhor não submeter os seus pensamentos e conhecimentos àqueles cenários. Acredite, ser apenas um espectador neste universo de bits é um desperdício. As duas vias da Internet, a de recepção e a de produção de conteúdo, quando combinadas, não enriquecem apenas os bancos de dados dos grandes servidores, mas abastecem e renovam a mentalidade de cada participante do processo comunicativo, sejam eles desta ou de futuras gerações.

A mídia, até o advento da web como a conhecemos hoje, detinha o único barco que navegava pelas ondas da comunicação em massa. Este barco carregava contêineres de programação fútil, algumas toneladas de opiniões tolas e engradados repletos de padrões manipulativos, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, com um aumento considerável no domingo. A população passou por sucessivas overdoses e começou a aceitar o que recebia sem questionar. Aqueles que resistiam ficavam indignados e queriam mostrar suas opiniões para o resto do mundo. Mas como o barco era único e de propriedade da mídia, tudo que não fosse do interesse desta era barrado. Era a ditadura da unilateralidade.

Eis que surge a rede mundial de computadores, uma fábrica de barcos, a qual, além de construir as embarcações de acordo com o gosto do cliente, abre as suas portas para que qualquer pessoa possa entrar e aproveitar a liberdade que o século XXI pode proporcionar. A era da multilateralidade chegou. Os antigos  barcos continuam com suas viagens, iguais às de outrora, mas perdem forças paulatinamente, precisando se reinventar para sobreviver. O novo modelo, que permite mais debates, mais mudanças de mentalidade, mais críticas fortes, formas de humor mais ácidas e bem elaboradas e uma difusão intensa de conhecimento e informação, oferece aos navegantes a facilidade de se exporem, não em relação aos dados pessoais, mas ao universo interior, às aspirações e receios, às indignações e aos contentamentos.

As ferramentas para se quebrarem os paradigmas ultrapassados da sociedade atual, aqueles resquícios de mentalidade irracional, que sobreviveram graças a grandes grupos em detrimento de pequenos e assustados segmentos, estão à disposição de todos. Quanto mais pessoas mostrarem o que pensam, mais os movimentos ganharão força. É tempo de a realidade ser documentada, de serem registrados os passos que levarão ao um patamar melhor. Não importa se você seja um poeta, um artesão, um cozinheiro, um lunático, um professor ou apenas um cara que tem algo a dizer. Publique coisas, transforme o seu meio. Pode ser um texto, um vídeo, uma música, qualquer coisa que expresse o que você quer passar, acerca de qualquer tema, não precisa ser sobre política, pode ser sobre culinária! O importante é alimentar este organismo com qualidade, documentar a nossa existência.

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