Quando argumentos são meramente aceitos, ocorre uma concordância generalizada, cujos únicos produtos são pessoas satisfeitas por terem mantidas íntegras suas opiniões e imagens de bons debatedores perante os envolvidos na discussão, o que dá a sensação - na maioria das vezes, ilusória - de se estar sempre com a razão. Dessa forma, instaura-se uma inércia do pensamento, oriunda da inexistência de contra-argumentações racionais. Seguindo essa ideia, o status quo se manteria, porque não passaria de um conjunto de opiniões a serem "respeitadas".
O maior respeito a uma opinião - e ao seu emissor -, no entanto, seria a consideração desta, dentro do contexto de um debate de ideias, como uma parte imprescindível do processo racional, o qual implica, necessariamente, em se pesar o que é coerente e o que ultrapassa os limites do entendimento lógico. Isso, sim, significa compreender e relevar a diversidade de pensamento, enxergando as consequências de ideias mal-formuladas e abrindo espaço para transformações no modo de pensar as questões relevantes das esferas circundantes à vida do homem.
A ocorrência ou não desse equívoco está relacionada com a visão que se tem das discordâncias, em um debate, no contexto das relações interpessoais. Muitos invocam o "respeitar a opinião" ao verem suas capacidades intelectuais questionadas no momento em que suas ideias são postas em xeque. Como ninguém quer ser mal-visto, o mais interessante seria parar a discussão. Esse entendimento não considera os embates de pensamento como componentes capazes de aprimorar e construir novas significações, mas apenas como brigas destinadas à humilhação pública. Com essa falta de compreensão, não pode haver um efetivo aproveitamento das ferramentas democráticas, pois os participantes do sistema não têm a capacidade de utilizá-las.
Quando se tratando de ideias, o respeitar nada mais é que dar, a todas elas, a chance de serem destruídas ou aprimoradas, independente de quem as tenha proferido. É descortinar todas as fragilidades dos argumentos e, a partir deles, compor novos, através de um processamento crítico e lógico do pensar. Isso somente é possível quando se percebe o debate como uma situação de cooperação racional, e não de escarnecimento intelectual. É dessa maneira que a democracia se consolida, e as decisões concernentes a todos, em uma sociedade, bem como as opiniões cotidianas, tão apaixonadamente defendidas, tornam-se mais sensatas e comprometidas com a realidade e sua transformação.
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Testando
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